O Meu Desligamento Emocional

Olá pessoas!
Falarei um pouquinho sobre o meu desligamento emocional, para isso será preciso fazer algumas observações referente a minha religião. Não quero com isso criar nenhuma polêmica, pois cada um tem a sua religião é que para falar deste meu  processo é necessário falar da religião que eu sigo e acredito.
Já venho a algum tempo, buscando desligar-me, afinal eu não posso viver a vida do meu adicto. Obviamente isso é um processo longo, dolorido, cheio de dúvidas e aperto no coração.
Para quem ainda não sabe, desde 2012 estou neste mundo da adicção. Em 2013 meu filho fez sua primeira internação e de lá pra cá,já fiz quase tudo para ajuda-lo. É uma característica da família, usamos todos os nossos recursos, pois o nosso objetivo principal é que nosso familiar fique longe das drogas, que ele consiga se manter em recuperação.
Mais, não é bem assim que funciona, com o tempo vamos aprendendo isso, a dor, as perdas, as partilhas, o conhecimento sobre dependência e codependência nos ensinam isso. Porém precisamos (penso eu) passar por estas fases, afinal, só aprendemos vivenciando, eu não me arrependendo das atitudes que tive, das oportunidades que abri mão em prol de tentar ajudar pois hoje, eu sei que eu fiz o que podia e o que estava ao meu alcance para ajudá-lo.

Bom, em 2016 resolvi que eu precisava agir diferente, já estava mais do que na hora de cuidar de mim e foi isso que comecei a fazer, lógico que não é fácil. Sempre que eu sabia que ele não estava bem, a vontade que eu tinha era de sair correndo e ir até ele ( meu filho não mora comigo nem na mesma cidade que eu). Mas o desligamento emocional é necessário tanto pra ele quanto pra mim e para as pessoas que estão ao meu redor. E assim estou indo, um dia de cada vez, buscando seguir a minha vida, os meus projetos, os meus objetivos.
Neste período(2016 até hoje) ele já teve recaídas, não assumiu, ficou tempo sem usar, usou de novo, teve um filho, usou de novo e resolveu ir para a CT (novamente, aqui tive uma recaída bem feia, mais me dei conta e levantei bem ligeiro), ficou uns 15 dias somente, voltou para a família dele e usou novamente. E eu segui aqui, na minha cidade, não fui atras dele quando soube das recaídas, deixei por ele e para atual família dele (ele mora com a esposa e filho). Ouço a esposa dele e converso com ele, relembro o tripé do tratamento e era isso.
No final de semana passado (3, 4 e 5 de novembro) refletindo sobre minhas ações eu dei um passo muito grande no meu desligamento emocional. Na metade deste ano me inscrevi para ser voluntário no 9º Congresso Espírita do RS(evento para mais de 4 mil pessoas), evento onde reúne espíritas de todo nosso país e de outros países, evento com palestrantes que viajam muito propagando a Doutrina Espírita, dente eles Divaldo Pereira Franco (conhecido não só no meio espírita - uma pessoa que não tem como descrever quem ele é, 90 anos dentre estes 50 dedicado a doutrina espírita e ao próximo). Independente de sua religião, busque saber sobre ele. Você vai se surpreender e refletir muito sobre suas atitudes perante a vida.

Bom, na sexta feira(dia que iniciava o Congresso) perto do meio dia minha nora me fala que pegou meu filho usando(obviamente eu fiquei abalada, preocupada, querendo logo falar com ele) mais pensei hoje eu não posso me abalar tenho que estar serena para a atividade que irei exercer. Ao meio dia liguei para minha nora e falei que não iria me meter afinal depois eles ficam bem e que ela como esposa deveria decidir o que fazer( pensamos muito diferente sobre recuperação).E segui resto do meu dia, volta e meia pensando, volta e meia preocupada. Chegou a hora de iniciar as minhas atividades de voluntaria no Congresso(muita emoção! Muita felicidade! eu amo estar envolvida no movimento espírita, me faz muito bem! E eu consegui, pela primeira vez me desligar por completo do problema, me entreguei de corpo e alma para este evento. Passei uma tarde e uma noite de sexta fantástica.No sábado mais um dia de muito aprendizado e então a noite resolvi ligar para ele, falei as coisas que já sabemos e ele nem aí. Então não dei bola,desliguei e segui aproveitando a felicidade que me envolvia (em outros tempos eu iria chorar muito, ficar muito preocupada , não ia nem dormir direito). Chegou o domingo, mais um dia magnífico e a noite falei novamente com ele, segundo ele está tudo bem, ele e a esposa estão mais menos, ele não pensou no que falei sobre recuperação e eu novamente disse então tá meu filho, vou descansar. Desliguei o telefone e segui mergulhada nas boas energias que me envolviam e na felicidade que não cabia no meu peito.
Tenho a certeza, que eu dei um grande passo na minha recuperação no meu desligamento emocional(uma pessoa do meio de recuperação também me disse isso).  Eu siguia minha vida, mais não tão desligada como eu fiquei desta vez. Acredito que estes 3 dias serviram para me mostrar mais do que nunca que devemos nos ocupar por completo naquilo que estamos fazendo, que é possível nos desligar de nosso adicto e viver o que estamos fazendo.
E eu só tenho muito que agradecer a Deus, as partilhas que ouço, as leituras que faço e a tudo que vi vivi e senti nesses 3 dias!

O que eu quero com este baita textão? Mostrar para os amigos leitores que desligar-se não é deixar de amar, desligar-se é seguir o rumo, a trilha escolhida e entregar nas mãos de Deus as circunstâncias que não podemos mudar. E isso serve para absolutamente tudo em nossas vidas. Quantas vezes estamos por exemplo, em nosso trabalho mais com o pensamento lá no filho que está na escolinha, quantas vezes brigamos por querer mudar certa circunstância que estamos passando, quantas vezes não aceitamos tal adversidade que acontece com a gente e que é necessária para o nosso crescimento.

Queridos leitores, busquem viver de verdade, se entregar de corpo e alma naquilo que estão fazendo, vivam o só por hoje é possível e maravilhoso e isso não quer dizer que vocês não amam seus familiares que estão na adicção ativa ou que estão passando por alguma adversidade. Vivam a vida com todo amor e entrega mesmo que o desemprego bata a sua porta, mesmo que seus recursos financeiros sejam poucos, mesmo que as pessoas falem que você não tem coração, Vivam! É vivendo, cuidando da gente que iremos conseguir ajudar nossos familiares.
Não é fácil no início mais com muita força conseguimos!Vale muito a pena!

Para terminar deixo uma reflexão que achei que tinha tudo a ver com este post:
"Evidente que nossos filhos nos amam, infelizmente a predisposição a droga separa esse amor e eles passam de um estado para outro, precisa anos para entendermos esse estado. Assim como eles sofrem com a doença, nós sofremos com a nossa também até termos o entendimento e aceitação que jamais conseguimos mudar o outro, Só mudamos a nós mesmos! DESAPEGAR esta é a palavra chave!

Lembre-se buscar ajuda é necessário!
Whats do grupo de codependentes (51)999518985
Beijo enorme a todos!





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